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No alto de uma montanha canadense existe um mirante de onde se vê uma bela cidade, logo abaixo. Na murada deste mirante existe um monumento construído em bronze, na forma de livro. O texto nele gravado informa que em outubro de 1535 Jacques Cartier, um explorador francês impressionado com a beleza da vista que se descortinava daquela montanha, decidiu que ela passaria a se chamar Mont Royal. Esta seria a origem do nome da cidade de Montreal, que anos mais tarde,  iria surgir naquele mesmo local. Após ler o texto e pensando no que vimos aqui concluímos que os Montrealenses haviam sido modestos. No livro poderia constar também um manual de instruções para outros países, ensinando como fazer para construir uma cidade muito próxima da perfeição.

   

Empolgação de turistas deslumbrados? Não, nada disso. Já visitamos muitas cidades e não nos deslumbramos com facilidade. Montreal  é mesmo uma cidade especial, e além de tudo está situada no Canada, o que significa estar num país onde os impostos revertem à população em diversos benefícios. A educação no país é obrigatória e de qualidade até os 16 anos, e em algumas regiões até os 18. Cursos superiores são diversos e de excelente nível. O atendimento de saúde é grátis para toda população, e de qualidade, dando ao Canada o  6º lugar global em expectativa de vida (82 anos). A segurança nas ruas é praticamente total, de dia e de noite, o que foi alcançado graças à atuação de uma polícia eficiente e bem equipada, e também ao bem estar social e econômico de sua população. E como se tudo isto não fosse suficiente, Montreal é também uma das cidades mais limpas do mundo.


 Quai de L’Horloge, e ao fundo, a Tour de l’Horloge

Quem chegar à cidade de avião provavelmente vai desembarcar no principal aeroporto de Montreal, o Montréal-Pierre Elliott Trudeau International Airport, situado cerca de 20 km ao sul do centro, de onde poderá pegar um ônibus ou taxi até seu destino final. Já quem vier de trem (Quebec, Toronto, Vancouver, ou outras cidades canadenses e até mesmo americanas) deverá desembarcar na principal estação da cidade, a Gare Centrale de Montreal, conectada a diversas linhas de metrô.

Por outro lado, quem chegar de carro vai encontrar estradas bem sinalizadas e em bom estado de conservação. Quase toda sinalização é feita em francês, com exceção, entre outras coisas, das placas indicando STOP, palavra que, pelo jeito, já foi incorporada ao francês canadense. Das duas vezes que visitamos Montreal chegamos à cidade pela região norte, vindos de Quebec, sendo que da última vez estávamos com um GPS que nos levou sem problemas até a porta de nosso Days Inn, no centro. 


Rue Saint-Denis

Montreal situa-se numa ilha. Ela é a segunda maior cidade do Canadá, faz parte da província de Quebec e é uma cidade bilingual, onde quase todos falam inglês e francês, muitas vezes misturando os dois idiomas no dia a dia e até mesmo criando expressões próprias. Não pense que, por falaram francês, os habitantes de Montreal são franceses e nem se refira a eles como franceses. Isto iria ofendê-los. Eles são naturais de Quebec, são, como dizem 'Quebecois'. E na verdade o francês falado aqui é bem diferente do falado na França, mais ou menos como o português falado no Brasil difere do falado em Portugal. A cidade tem uma população muito educada, simpática e que demonstra prazer em receber visitantes.

Já visitamos Montreal duas vezes, a primeira em fins de novembro, quando as temperaturas ficavam quase sempre abaixo de zero. E da segunda vez em maio, quando os termômetros oscilavam entre 18 graus de dia e 8 à noite. Nas duas ocasiões nos hospedamos no centro, no Boulevard René-Lévesque sendo que desta última escolhemos ficar num Days Inn, que tinha quartos grandes e garagem ao lado. Depois de deixarmos as malas no hotel perguntamos à moça da recepção onde encontraríamos um restaurante aberto naquele domingo de tarde e ela nos indicou a rue Saint-Denis situada a poucas quadras de distância. A rua tem clima de festa, com mesas na calçada, música, gente conversando animada, carros com som alto desfilando pelas ruas e um astral super legal.

Vídeo: Boulevard René-Lévesque

Subindo a rue Saint-Denis chega-se ao Quartier Latin, como é conhecida esta região repleta de estudantes, e onde estão teatros, cinemas, bibliotecas e sente-se no ar um clima bastante liberal. Mais adiante, seguindo ainda pela rue Saint-Denis, situa-se a Station Centrale de Autobus (rodoviária de Montreal). 

Mas as coisas foram muito diferente na ocasião de nossa outra visita, e olhe que o inverno ainda nem tinha começado! Quando estivemos na cidade da primeira vez quase todas as ruas estavam vazias, e o Quai de L'Horloge (o mesmo local que aparece na segunda foto acima) estava coberto pela neve. Nosso roteiro de passeios pela cidade era sempre o mesmo: Caminhávamos por uma meia hora e então entrávamos, quase congelando, em algum café ou restaurante procurando alguma bebida quente para aquecer o corpo e então poder prosseguir a caminhada. Onde estavam todos, a gente perguntava? Na cidade subterrânea, nos respondiam!

Montreal tem ruas organizadas geometricamente, com quadras retangulares. As principais vias do centro são o Boulevard René-Levesque, ladeado pela Rue Saint Antoine de um lado, e pela Rue Sainte-Catherine do outro. As principais perpendiculares são o Boulevard Saint-Laurent, Rue de Bleury, Rue University e Rue de La Montagne. Dentro deste quadrilátero, pode-se dizer, situa-se o 'Centro do Centro". Nesta área, que ocupa aproximadamente 4 quilômetros quadrados, existem diversos hotéis, shoppings, restaurantes, comércio de rua, bares, mercados, ruas de pedestres, um bairro chinês (Quartier Chinois), modernos centros empresariais, e os maiores prédios da cidade. Para além deste centro, Montreal lembra mais uma tranqüila cidade de médio porte, com pequenos prédios, residências de dois andares, pistas exclusivas para ciclistas, casas residenciais com carros estacionados nos jardins em frente e é muito agradável percorrer as ruas da cidade, seja a pé ou de carro.


Quai de L'Horloge no mês de novembro

 

Outra imagem feita durante nossa primeira visita à cidade, na região central. Quem pretende percorrer esta parte da cidade à procura de comércio e boas compras, sugerimos começar pela Rue Sainte-Catherine. Lá estão as grandes lojas de departamento, como a La Baie/The Bay, onde se encontra praticamente de tudo. Não deixe também de visitar os principais pólos comerciais do centro, como o famoso Centre Eaton. Continue depois pela mesma Rue Sainte-Catherine e dobre à esquerda na rue Mansfield, para visitar a imponente Cathédrale Marie Reine du Monde, situada em frente à Place du Canada e Square Dorchester, duas importantes áreas verdes do centro. E se vir alguma carrocinha oferecendo 'Poutines' pode parar e comprar, porque vale a pena. As Poutines são batatinha fritas cobertas com queijo e molho espesso, são super populares por aqui e são uma delícia.

Vídeo: Montreal abaixo de Zero

Ela é sempre movimentada, mas é durante o inverno que a Cidade Subterrânea de Montreal mostra sua real importância. Nela, a temperatura é constante e agradável. Nela as pessoas estacionam, vão ao trabalho, embarcam ou desembarcam no metrô, chegam ao trabalho, fazem compras e depois voltam para casa, enquanto lá fora cai neve e a temperatura é de vinte graus abaixo de zero. A Cidade Subterrânea de Montreal constitui o maior sistema de vias subterrâneas de pedestres do mundo. Ao todo são mais de 30 quilômetros de extensão, onde estão aproximadamente 1500 lojas, shoppings, 200 restaurantes, 35 cinemas, centenas de moradias e 10 estações de metrô. Pode-se passar horas percorrendo suas vias, que interligam praticamente todas quadras da região central da cidade. Percorrer a Cidade Subterrânea não é somente útil, mas além de tudo um programa muito interessante. Ao lado, foto do Complexe Des Jardins, também integrado à Cidade Subterrânea. 


Complexe Des Jardins - Vídeo: Cidade Subterrânea

Fora da região central, e especificamente para quem está de carro,  um shopping badalado e famoso por abrigar marcas de ponta é o Centre Rockland. 


Place Jacques Cartier

Deixando o Boulevard René-Levesque para trás e caminhando por uns vinte minutos na direção do rio Saint Laurent, chega-se a Vieux Montreal, bairro histórico da cidade. Esta região situada em frente ao rio, onde há trezentos anos começou a surgir Montreal, agora está  totalmente recuperada e abriga diversos restaurantes, lojas, bares com mesas nas calçadas e atrações diversas. A foto ao lado mostra um pequeno trecho da Place Jacques Cartier, sempre animada, lotada de jovens de todas as idades e muitos turistas. Quiosques montados entre os prédios disputam a atenção de quem passa, oferecendo desde produtos artesanais a comidinhas típicas. Pouco atrás, a imponente torre do Hôtel de Ville (prefeitura) de Montreal chama a atenção para a beleza arquitetônica do conjunto de prédios desta região, e deixa claro para turistas o cuidado que os montrealenses dão à preservação de suas construções históricas.

 

Uma caminhada por Vieux Montreal é algo que não pode deixar de fazer parte de qualquer programa turístico na cidade. Esta é uma região relativamente pequena, situada entre a Rue Notre Dame e Rue de La Commune, frente ao rio. Passe no Château Ramezay Musée (construída em 1705 para servir de residência ao governador de Montreal, Claude de Ramezay), conheça a Maison Pierre du Calvet (construída em 1770, com grossas paredes de pedras. Sua característica dominantes são as duas chaminés, atualmente abriga um hotel), faça uma foto em frente ao belo prédio do Marché Bonsecours (construído em 1844, atualmente abriga salas de exposições e restaurantes).

Depois siga pela rue Saint Paul até o fim, para depois voltar por ela mesma, mas pelo outro lado da calçada para apreciar diversas  construções erguidas  com pedras, agora abrigando lojas de esportes, antiguidades, curiosidades, lembranças, restaurantes, informações turísticas, galerias de arte, hotéis, pequenos teatros e outras coisas que a gente vai descobrindo aos poucos. E antes de seguir em frente, não deixe de conhecer o principal templo religiosos de Montreal e ícone da Vieux Montreal, a Basilique Notre-Dame de Montreal, construída em 1656 e mostrada na foto ao lado.


Basilique Notre-Dame de Montreal

Reserve depois umas duas horas para percorrer o Quartier Chinois, o bairro oriental de Montreal. Foi a primeira coisa que vimos ao chegar à cidade, ainda de carro, e quase pensamos que estávamos chegando na cidade errada.... O Quartier Chinois estende-se ao longo da Rue de la Gauchetiére e transversais (altura do Boulevard Saint-Laurent), e é super interessante e divertido de se visitar. Lojas, restaurantes, tudo por ali nos dá a impressão de estar passeando em alguma cidade da China. 


Vieux Montreal

Ao lado, foto da rue Saint Paul, o coração da Vieux Montreal. No primeiro dia que visitamos esta parte da cidade estávamos de carro, e enfrentamos alguns problemas para estacionar. Não devido à falta de vagas (eram muitas) nem ao preço (não era barato, mas estávamos prevenidos). O problema é que em todas as garagens, geralmente terrenos sem ocupação e cobertura, utilizados como estacionamento durante o dia, era preciso deixar a chave do carro com o garagista. Nosso carro era alugado (não poderia ser dirigido por nenhuma outra pessoa), mas principalmente porque tínhamos algumas compras deixadas na mala e não nos sentíamos confortáveis deixando a chave do carro com um estranho. Foi preciso muita negociação para convencermos o dono da garagem a nos deixar levar a chave. Mesmo assim, aprendemos que não é boa idéia ir até Vieux Montreal de carro próprio.

 

Entre Vieux Montreal e o rio Saint-Laurent, Montreal construiu um parque que merece ser visitado. Não é grande, mas é agradável e bem freqüentado. Para chegar lá atravesse a Rue de la Commune e siga na direção do Quai de L'Horloge. E se você tiver a chance de pegar um dia de temperatura agradável verá que o Quai de Vieux Montreal é um programa imperdível, tanto para moradores como para turistas. Depois de passear pelo Quai  de L'Horloge siga pela passarela metálica construída sobre o rio, que faz a ligação com o Quai Jacques-Cartier. De lá é possível apreciar, à distância, a ponte Jacques-Cartier, que cruza o Fleuve Saint-Laurent até a Ile Sainte-Hélène, e também algumas construções na outra margem do rio. Ancoradas no Quai Jacques-Cartier ficam várias embarcações (Navettes Maritimes de Saint-Laurent), que fazem transporte e passeios fluviais pelas proximidades.


Quai de L'Horloge

 


Vieux Montreal

Ao lado, um trecho de Vieux-Montreal / Old Montreal. Para conhecer bem esta parte da cidade e visitar suas principais atrações com calma, recomenda-se dois dias. Caso contrário, para ter uma idéia básica, uma tarde será suficiente. Pontos de passagem obrigatória neste roteiro são a Place d'Armes (principal praça da cidade, construída no século 17, e que ganhou este por servir, na época, como depósito de armas militares), Place Jacques-Cartier, e claro, a própria, Basilique Notre-Dame de Montréal. Poucas construções remanescentes do período de ocupação francesa (terminado em 1763) permanecem, entre os quais o Vieux Séminaire de Saint-Sulpice (1684), Château Ramezay (1705), Maison Clément-Sabrevois de Bleury (1747), Maison Dumas (1757) e a Maison Brossard-Gauvin (1750). Outros pontos de destaque desta área são o Musée Pointe-à-Callière, Château Ramezay, Musée Marguerite-Bourgeoys e  Notre Dame de Bon Secours. Infelizmente, nem todos estão abertos à visitação pública.

 

Montreal situa-se às margens do rio Saint Laurent, tem população de 1.6 milhão de habitantes e suas temperaturas médias anuais variam entre 10 graus centígrados durante o verão e -21 no inverno. Sim, se existe um problema em Montreal é o frio e definitivamente o inverno não é a melhor ocasião para se visitar a cidade, principalmente para quem vem de um país tropical.

O comércio da cidade é extremamente variado, desde lojas de rua até grandes shoppings, sendo que todos da região central estão interligados à Cidade Subterrânea. Bons locais para compras no centro são Place Montreal Trust e Place Longueuil.

Suas principais indústrias atuam na área aeroespacial, biotecnologia, farmacêutica e turística. O fuso horário é GMT-5 e a corrente elétrica é de 110 v. Embora oficialmente a cidade seja bilíngüe, percebe-se claramente que o francês predomina entre sua população e quem fala inglês, muitas vezes fala com sotaque carregado nos erres. O francês falado na cidade, por sua vez, também é bem diferente do idioma falado na França, diversas palavras tem pronúncia diferente, existem expressões próprias, sendo que até mesmo alguns franceses tem, às vezes, dificuldade para entender algo. Um antigo sonho da província de Quebec é tornar-se independente do Canada, mas por enquanto esta idéia permanece um sonho.  


Place d'Armes, frente à Notre Dame

 


Stade Olympique de Montreal

Se Paris tem sua torre Eiffel e New York o Empire State, Montreal tem sua Torre Inclinada do Estádio Olímpico (rue Pierre De Coubertin 4549). Construída para as olimpíadas de 1976, a torre faz parte do complexo esportivo construído ao norte da cidade. Foi neste parque olímpico que Nadia Comaneci, a ginasta romena que encantou o mundo e entrou para a história ao tornar-se a primeira atleta de ginasta artística a conseguir nota 10. O local continua sendo usado para eventos diversos, mas para turistas, o mais divertido mesmo é embarcar no elevador panorâmico que sobe até o alto da torre. De seu mirante fechado tem-se uma vista completa da cidade e seus arredores. Na foto ao lado vê-se a torre, sendo que as três pequenas aberturas horizontais no alto são as janelas de observação do mirante. Se preferir ir de metrô até lá desça na estação Pie-IX ou Viau. Detalhes no site Tour de Montréal.  Víideo: Estádio Olímpico e Torre

Uma boa forma de conhecer a Montreal dos montrealenses é percorrer os subúrbios da cidade. Na volta do estádio olímpico, pegue por exemplo a 16e avenue e siga na direção norte até a rue Saint-Zotique. Dobre à esquerda nesta última e siga sempre em frente e verá, ao longo do caminho, construções simples e bem feitas, estudantes, senhoras com carrinhos de compras, e todas estas coisas que retratam a cidade verdadeira, como ela é, o que nem sempre corresponde aos estereótipos turísticos. É fácil se orientar em Montreal, a maior parte da cidade tem ruas organizadas geometricamente, perpendiculares entre si. Se durante este trajeto quiser comprar alguma coisa para comer no hotel sugerimos parar em algum super mercado da redes IGA, que estão presentes em todos bairros e tem preços aceitáveis.  E para compras rápidas e menores vale a pena passar num Couche Tard, também uma boa rede

Gosta de museus? Uma forma prática e barata de visitar os diversos museus de Montreal é comprar o Carte Musées, que dá acesso a 38 museus durante 3 dias. O passe pode ser também comprado incluindo transporte na cidade, o que torna as coisas ainda mais fáceis para um turista. Detalhes em Musées Montreal.

Ao lado, uma foto do Nickels Grill e Bar (rue Sainte-Catharine 710), onde almoçamos num dia de chuva, que nos obrigou a passar a maior parte do tempo entre a cidade subterrânea, túneis e lojas. Chegamos lá por volta de 3 da tarde, mortos de fome, e pedimos um prato cada. Quando vieram tomamos até um susto ao ver como eram bem servidos. E quando provamos então, a surpresa foi maior ainda, eram uma delícia! Outras dicas de pratos / comidinhas: Poutine (imperdível, batatas fritas com queijo e molho), Tire sur la Neige (doce de Mapple – extrato preparado a partir da árvore de mesmo nome -  servido num palito, como um picolé), Shish Taouk (tipo de churrasquinho servido no espeto), Bagel (influência dos vizinhos americanos, os tradicionais pães redondos costumam ser servidos aqui com coberturas diversas). 


Nickels Grill e Bar, centro de Montreal

Sanduíches de carne defumada são também uma escolha freqüente e tem status quase de arte (experimente os do Schwartz's) e não deixe também de provar a sobremesa tradicional dos Montrealenses, a Torte au Sucre (torta de açúcar, às vezes preparada com syrup em vez de açúcar, o que lhe dá um sabor ainda mais pronunciado. Experimente a torta do Au Pied De Cochon).

Falando em Maple e Syrup, vale lembrar que a Maple Tree (árvore do maple) é um símbolo do pas, a tal ponto que sua folha está representada no centro da bandeira canadense. A árvore é encontrada em praticamente todo o hemisfério norte e tem mais de 100 espécies diferentes. O xarope (syrup) da árvore é extraído de forma semelhante à tradicional extração da borracha em seringueiras, sendo feito um corte no caule, colocado um recipiente coletor amarrado à arvore e quando ele está cheio é recolhido. O Canadá é o maior produtor mundial de xarope de maple (maple syrup) e responde por aproximadamente 80% da produção global. Depois de fervido o maple está pronto para consumo, sendo muito utilizado em receitas de bolo, tortas, doces, sucos, coberturas, e também oferecido em garrafinhas de miniatura, imas, camisetas, bonés e muito mais. Por isso, outro prato que você não pode deixar de experimentar por aqui são as grossas panquecas servidas em pilha, logicamente acompanhadas por uma generosa cobertura de legítimo maple syrup canadense. Nas fotos abaixo, imagens da folha de maple, garrafinha de maple e árvore de maple.



Parc du Mont Royal

Montreal é uma das cidades de maior área verde das Americas, em relação ao número de habitantes. A mais famosa é Mont Royal, mas existem diversas outras, como Parc La Fontaine, Parc Maisonneuve e ainda muitas outras menores, distribuídas pela cidade. Uma imensa área verde situa-se frente à cidade, no centro do rio Saint-Laurent, considerada praticamente com o playground de Montreal, a Île Sainte-Hélène. Pode-se chegar lá de carro, ônibus ou metrô (estação Jean Drapeau). E para falar a verdade, uma tarde talvez seja pouco para ver todas as atrações da ilha, começando pelo incrível parque de diversões La Ronde, com montanhas russas e diversos brinquedos.

A ilha Sainte-Hélène é bonita, tem diversas áreas verdes, pistas para veículos e trilhas para bicicletas e pedestres, e caminhar nela é um prazer, mesmo porque ela ainda fornece a vantagem da vista privilegiada do centro de Montreal, bem em frente, do lado norte do rio. Por isso vale a pena seguir depois até a Biosphère como o nome sugere, uma imensa esfera transparente, em cujo interior exposições diversas nos permitem interagir com projetos ambientais, ecológicos, e compreender melhor a natureza ao nosso redor. Especialmente indicado para quem está com crianças.

E depois complete seu passeio pela ilha aproveitando para conhecer o Musée Stewart, instalado numa antiga fortaleza que por si só já valeria a visita, mas oferece ainda um acervo retratando a história da influência da civilização européia no desenvolvimento da região então chamada Nouvelle France. Também é possível chegar à île Sainte-Hélène de barco, e talvez esta seja a forma mais divertida de transporte até lá. As embarcações da Navettes Maritimes zarpam do Quais Jacques Cartier e chegam à lha em poucos minutos. 

Ao lado, foto de Kondiaronk Belvedere, um dos dois mirantes existentes em Mont Royal. Ambos estão a pouca distância do centro, e quem estiver de carro pode chegar lá em cerca de 15 minutos. Pelo caminho também vimos muita gente seguindo a estrada de bicicleta. Do primeiro belvedere, situado em frente à estrada, se vê a parte norte de Montreal, inclusive o estádio olímpico, ao longe. Seguindo pela estrada chega-se a um grande estacionamento, a partir do qual é necessário seguir a pé durante mais ou menos uns vinte minutos até se chegar ao Belvedere Kondiaronk, de onde se   pode apreciar o centro de Montreal. O mirante de observação foi construído em 1906, e seu nome escolhido como homenagem ao chefe indígena Kondiaronk, cuja atuação foi determinante para que franceses e indígenas chegassem a um acordo de paz durante a colonização desta região, em 1701.


Kondiaronk Belvedere, no Mont Royal

 


Rue Saint Paul, Vieux Montreal

Embora esta região já tivesse sido visitada pelo explorador Jacques Cartier em 1535, a cidade de Montreal só iria surgir mais de 100 anos após. Foi somente em maio de 1642 que um grupo de colonos e religiosos franceses da Société Notre-Dame de Montréal se estabeleceu, em caráter definitivo, neste local. O nome escolhido para o lugar foi Ville-Marie, como homenagem à virgem Maria.

Nesta época os franceses eram os senhores absolutos do território de Quebec, já tinham uma colonia estabelecida mais ao norte (Ville de Quebec) e a fundação de Ville-Marie, ao que consta, teria despertado ciúmes e até uma certa rivalidade por parte dos habitantes da Ville de Quebec. Poucas pessoas, no entanto, se referiam à cidade com Ville-Marie, e a partir do século 18 o nome Montreal (que até então designava somente a ilha onde a Ville-Marie foi construída) passou a ser utilizado para designar também a cidade. Atualmente a Ville-Marie original ocupa um bairro da cidade, correspondente à Vieux Montreal e ao centro de Montreal. 

Os primeiros anos daqueles fundadores não foram nada fáceis. Indígenas da etnia Iroquois foram hostis aos colonos, tornando necessária a construção de um forte. Ataques à cidade eram freqüentes e seus habitantes precisavam andar permanentemente armados. Com o fim da Societé de Notre Dame, em 1663, os reis da França assumiram a propriedade de Ville-Marie. Em 1665 o rei envia uma milícia de 1200 homens para o outro lado do Atlântico e a cidade começa a mudar de aparência, com o surgimento das primeiras ruas e melhores construções.  

 

Por volta da metade do século 17 a preocupação dos Montrealenses não era mais com os índios, e sim com os ingleses, que, a partir de seus territórios nos Estados Unidos, olhavam mais para o norte com interesse. Em 1763, com o fim da Guerra dos Sete Anos (conflito que envolveu diversos países, motivado por disputas territoriais entre Inglaterra, França e seus aliados) as possessões francesas no Canada passaram todas para mãos inglesas. A população da cidade, na época de cinco mil pessoas, quase toda de franceses e seus descendentes, não teve alternativa senão receber e aceitar os novos senhores do Canada. A guerra havia terminado, mesmo assim a incorporação da cultura britânica pelos habitantes de Montreal nunca seria total ou bem vinda, e as diferenças e rivalidades iriam persistir pelos séculos seguintes.


Casas de pedra da Vieux Montreal

 


Quai de L'Horloge no mês de maio

Percorrendo o Quai de L’Horloge, tendo ao fundo a Tour de l’Horloge. Esta torre foi construída em 1921, como parte dos serviços de modernização das instalações portuárias da cidade. Na época, o objetivo da torre era homenagear os combatentes mortos durante a primeira guerra mundial, e fazia também parte do complexo portuário um conjunto de galpões onde eram guardados os cereais que chegavam ao porto, enquanto o relógio, foi construído na Inglaterra e montado no alto da torre. Com a mudança de local do terminal de carga de Montreal, nos anos 70, o complexo foi quase totalmente demolido, sendo preservado somente a torre, pois a esta altura, já havia se transformado em marco de Montreal. Foi então completamente restaurada, aberta ao público e recebeu um centro histórico. O alto da torre e local do antigo farol de orientação aos navegantes, pode também ser visitado, por quem se dispuser a subir seus 192 degraus.  

 

Se estiver fazendo um dia bonito e caso você goste de caminhar, uma vantagem adicional da cidade é que nada é muito longe e as principais atrações da cidade podem ser atingidas a pé mesmo, o que permite descobrir coisas interessantes em cada esquina. Sempre que podemos e o tempo permite, a caminhada é nossa forma preferida para conhecer algum lugar, sendo que nas duas vezes que visitamos a cidade fomos diversas vezes passear em Vieux Montreal, que pode ser considerada a jóia da coroa. Para mais informações sobras as atividades na região do porto antigo de Montreal acesse Vieux Port de Montreal. Para distâncias maiores experimente o metrô, que atende grande parte da cidade, integrado com as linhas de trens e bondes. Tem quatro linhas, identificadas pelas cores verde, azul, laranja e amarela (esta atravessa o rio, ligando o centro à ilha Sainte-Hélène), conta ao todo com 69 estações e comprimento de 71 quilômetros. Mais informações em Le Métro de Montreal.  


Parc du Quais du Vieux Port

 


Rue de La Commune

Foi percorrendo esta Rue de La Commune que encontramos um restaurante vendendo inesperadas delícias. Atraídos por um cartaz na calçada resolvemos entrar e experimentar o que a foto anunciava como Queues de Castor ou Beaver Tail (tudo é escrito em duas línguas por aqui). O nome da delícia foi dado porque seu formato lembra em tudo o rabo estilo raquete de tênis do simpático e dentuço roedor. E se você estiver passando por aqui não deixe de experimentar. Sim, são super calóricos, mas afinal, alguém conta calorias durante as férias?

Em Montreal as estações do ano são nitidamente diferentes, e assim como as pessoas, também a vida cultura da cidade se adapta à cada época. Durante o verão Montreal curte os dias de sol e temperaturas amenas. É a época dos festivais, eventos, feiras, exposições, passeios pelas ruas, bicicletas, caminhadas. Muito prestigiado neste período é o Festival de Jazz de Montreal.  Já durante o inverno, com a neve e o frio pintando tudo de branco, vem a época dos esportes de inverno, esqui, patinação no gelo, festivais e concursos de bonecos de neve, festival de fogos de artifício, jogos de hockey (mania nacional), e para os mais animados, até mesmo um incrível passeio em trenó puxado por cães (dog sledding) huskies.  Veja mais algumas dicas de programas, sugestões e dicas turísticas em Montreal Tourism, BonjourQuebec e Growth Adventures

 

Muitos habitantes de província de Quebec sonham com sua independência do Canadá, mas o tema é controvertido, tem implicações econômicas e sociais, e ao que tudo indica, não será resolvido tão cedo. De qualquer forma, seja qual for o futuro reservado para Montreal, o que desejamos que a cidade continue assim como ela é hoje, bem resolvida e com um povo alegre. O slogan oficial desta província é 'Je Me Souviens' (eu me lembro), e ao que consta, teria surgido como referência à lembrança que seus habitantes guardam das lições do passado, suas lutas, dificuldades e conquistas, e como esta memória é importante para a construção do futuro. Para nós, nenhum outro slogan poderia ser mais apropriado para esta cidade, mas por outra razão: É impossível esquecer Montreal.


Centro de Montreal visto de Mont Royal

 

 


Bandeira de Montreal