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Centro de Santiago visto do Cerro San Cristóbal

Nossa visita a Santiago era para ter acontecido muito antes, mas quando estávamos com tudo pronto para finalmente ir até lá, ocorreu um terremoto, e mais uma vez a viagem precisou ser adiada. Por isso, quando finalmente o dia da esperada viagem chegou e desembarcamos no aeroporto Comodoro Arturo, por volta de 11 da noite, e meia hora mais tarde, enquanto um carro da 'Taxi Oficial' nos conduzia em alta velocidade ao hotel, nos perguntávamos se o terremoto tinha acontecido mesmo no ano anterior ou teria sido na década passada. Nenhum indício era visível. Não se via qualquer sinal de destruição, danos ou prejuízos, Absolutamente nada.

O que Santiago nos mostrava ao longo daquele trajeto de chegada até o bairro Vitacura eram vias expressas impecavelmente pavimentadas e sinalizadas, iluminação eficiente, sinalizações e placas de bem posicionadas e legíveis. Ao mesmo tempo, ao longe, o perfil de prédios imponentes e iluminados davam uma primeira demonstração que no Chile as coisas aconteciam rápido, e pelo jeito, eram bem feitas.

Já passava de meia noite quando deixamos as coisas em nosso quarto, mesmo assim decidimos dar uma saidinha rápida para matar a curiosidade sobre os arredores e também providenciar algumas coisas básicas para a geladeira. Era sábado. Atravessamos a rua e fomos até uma loja de conveniências em frente, de um posto Petrobrás. E foi ali que recebemos a segunda parte da demonstração do estilo de ser da cidade. Vimos que Santiago by night poderia competir, de igual para igual, com qualquer outra cidade moderna do mundo. Pessoas bonitas, bem vestidas, com acessórios high tech , chegavam, transitavam, conversavam, riam, socializavam, e sem saber, nos davam outra amostra de como eram as coisas por aqui.

Em tempo: O Aeroporto de Santiago (SCL - Aeropuerto Comodoro Arturo Merino Benítez) situa-se a aproximadamente quinze quilômetros a oeste do centro da cidade, é um dos mais movimentados da América do Sul, e oferece diversas modalidades de transporte para a cidade. Viajantes internacionais devem declarar à vigilância sanitária alimentos que estejam trazendo, em um formulário apropriado. Laticínios e frutas estão sujeitos à serem confiscados pelas autoridades e sugere-se não tentar enganar a vigilância, pois toda bagagem passa pelo Raio X e quem tentar entrar com alguma coisa não permitida "por baixo do pano" está sujeito à multa elevada.

Quem quiser pegar um taxi recomenda-se escolher os oficiais (Taxi Oficial), que cobra uma tarifa fixa de acordo com o bairro de destino. Os stands ficam logo depois da esteira de recolher as malas, antes de passar pelas portas de vidro que dão acesso ao hall. Guarde o comprovante de pagamento, pois o mesmo dará direito a um desconto de 20% para o trajeto de volta ao aeroporto pela mesma empresa. Outras alternativas de transporte são vans (Transvip) e ônibus (Turbus).

Santiago é uma cidade grande e, como em tantos outros lugares, sua aparência depende do bairro ou região da cidade em que se está. O centro é tradicional, com diversos prédios históricos, ruas de pedestres e praças. No entorno do centro, principalmente no lado leste, surgiu a Santiago moderna, com movimentadas vias expressas, prédios arrojados, torres empresariais, shopping centers, malls e trânsito intenso. Afastado do agito estão os bairros residenciais, com ruas arborizadas, belas casas, mansões e escolas.


Avenida Presidente Kennedy, junto ao trevo com Americo Vespucio Norte

Ao percorrermos a cidade com mais calma, no dia seguinte, foi inevitável chegarmos à conclusão que esta era uma cidade com bons índices de igualdade social. Não se viam contrastes excessivos ou chocantes entre as camadas da população, ou desabrigados ou crianças de rua. Santiago, além disto, transmitia uma agradável sensação de segurança, e logo descobrimos que não era somente impressão, pois é comprovadamente uma das capitais mais seguras da America do Sul.

Um pouquinho de história: Estima-se que a região que hoje corresponde a Santiago tenha sido inicialmente habitada por caçadores nômades, que sobreviviam da caça do guanaco, mamífero da mesma familia dos lhamas. Somente a partir do século 9 teria sido estabelecida uma comunidade fixa às margens do rio Mopocho. Com o passar dos séculos, floresceu na America do sul o Império Inca, civilização que ocupou grandes áreas ao norte do Chile e da Argentina, Peru, Equador, partes da Bolívia e Colômbia. Sua civilização chegou a ocupar área de dois milhões de quilômetros quadrados, a mais extensa dentre todas civilizações pré-colombianas.


Vista da avenida Americo Vespucio Norte, frente ao Novotel

Escolhemos nos hospedar no Novotel Santiago Vitacura, afastado do centro, mas em compensação, situado num bairro tranqüilo, silencioso, no meio de muita área verde, acesso fácil às principais vias de trânsito de um bem abastecido mercado a poucos minutos a pé (Lider), onde encontrávamos, todos os dias, frutas saborosas e fresquinhas, e vinhos excelentes a preços inacreditáveis (uma pequena fração do que custam no Brasil). Táxis não são caros na cidade, mesmo assim quem preferir pode pegar um ônibus até o centro na Avenida Vitacura (ao lado do hotel). Ao mesmo tempo, a rede de Metrô de Santiago é extensa e eficiente, e suas cinco linhas atendem a maior parte da cidade. A estação mais próxima do hotel é 'Escuela Militar', situada a dois quilômetros do hotel.

Santiago tem cerca de trinta bairros (ou regiões), em torno do bairro central (também chamado Santiago): Ao norte situam-se os bairros de Independencia e Recoleta. À leste estão Vitacura, Los Condes, La Reina e Peñalolén. No sul destacam-se as regiões de El Bosque, La Cisterna e San Ramón. E a oeste encontram-se Maipú, Pudahuel, Estación Central e Cerro Navia. Se houver possibilidade sugerimos percorrer algumas delas, pois é a melhor forma de conhecer a cidade a fundo, indo além das tradicionais atrações turísticas. Se estiver de carro irá perceber que dirigir por aqui não é difícil, pois as ruas são bem sinalizadas e o transito, embora bastante intenso principalmente no fins de tarde, é ordenado.

A cidade teve um crescimento urbano planejado, e ruas a avenidas estão dispostas de forma a permitir um deslocamento eficiente e fluído. As principais vias expressas de Santiago são a Costanera Norte (liga a parte leste da cidade ao centro e à estrada 68, que conduz ao litoral), Vespucio Express (anel rodoviário). Algumas das principais avenidas são a Libertador Bernardo O'Higgins, Vitacura, Tobalaba, Presidente Kennedy, Francisco Bilbao e 11 de Septiembre, todas com seus atrativos e características bem diferentes.

Um pouquinho de história 2: Pedro de Valdivia, explorador e militar nascido em 1497, deixou sua Espanha em 1535 em direção ao novo mundo. Sua missão era descobrir riquezas, colonizar novos territórios e expandir cada vez mais o império espanhol. Seria ele o fundador da cidade de Santiago. Valdivia fazia parte das forças lideradas pelo célebre explorador Francisco Pizarro, e recebeu deste, ainda no Peru, a incumbência de prosseguir ainda mais em direção sul, expandindo o domínio espanhol nas Americas. Ele chegou à região do rio Mapocho em dezembro de 1540 e gostou do que encontrou. Clima agradável, vegetação abundante e boas condições estratégicas para a defesa do lugar. Decidiu que aquele seria o local ideal para fundar uma nova cidade.

Começamos nossa visita a Santiago pelo centro da cidade. Era um domingo cinzento e frio de novembro, e às oito horas da manhã os termômetros marcavam 12 graus. Lá pelas onze horas, no entanto, o sol já tinha aparecido, a temperatura ultrapassava os 25 graus, e nossos casacos já tinham se transformado num transtorno a tiracolo. Sugerimos que você vá direto à 'Plaza de Armas', pois ela é o centro do centro. Surgiu em 12 de fevereiro de 1541, ao ser fundada a cidade de 'Santiago de Nueva Extremadura'. No entorno da praça situavam-se os prédios administrativos da então colonia espanhola, mercados e áreas comerciais. O nome da praça tem origem no depósito de armas e munições espanholas, que aqui se situavam na época colonial.

Catedral e prédio comercial em manhã cinzenta

Um pouquinho de história 3: Em 12 de fevereiro de 1541 Pedro de Valdivia funda a cidade de Santiago de Nueva Extremadura. O nome foi escolhido por ele como uma homenagem a São Tiago de Extremadura, santo patrono da Espanha. Pedro de Valdivia foi recebido por Manco Cápac II, administrador do império Inca nesta região. Os Incas não gostaram nada de receber estrangeiros em suas terras, mostraram-se hostis e em pouco tempo a hostilidade se transformaria em guerra. Uma das batalhas mais importantes entre Incas e Espanhóis ocorreu em setembro de 1541, quando o chefe inca Michimalonco liderou um grande ataque à colonia fundada por Valdivia. Quase todas as construções de Santiago foram destruídas. O número de mortos, tanto entre indígenas, quanto espanhóis, foi muito elevado, e estima-se que tenha chegado aos milhares.


Calle Ahumada, rua de pedestres próxima à Plaza de Armas
As principais atrações na região da Plaza de Armas são a Catedral Metropolitana (construção de 1848, na verdade o quinto templo erigido neste mesmo lugar). Destacam-se também em frente à praça o prédio do Correo Central (utilizado como palácio presidencial até 1846, quando a presidência foi transferida para o Palácio de La Moneda). Veja também o Museu Histórico Nacional. Nos arredores da Plaza de Armas encontram-se diversas áreas comerciais, a começar pelo tradicional 'Portal Fernández Concha', centro comercial instalado em um prédio de 1869, e que tornou-se famoso principalmente devido a seus restaurantes de comida típica. Na região central, vale a pena visitar também o Museo de Arte Precolombino, que conta com uma coleção incrível, e também o Museo Interactivo Mirador (crianças vão adorar).

Vídeo: Caminhando pelo Centro

Não deixe de percorrer a rua de pedestres que passa em frente à Catedral, e que tem dois nomes: 'Calle Puente' (na direção norte, em direção ao Mercado Central) e 'Calle Ahumada' (direção sul, na direção do 'Palácio de La Moneda'). Ambas são vias de comércio popular, com bancos, diversas lojas, sapatarias, carrocinhas de rua vendendo pratos e bebidas típicas, frutas da estação, flores, docerias, lojas de eletrodomésticos e principalmente muita gente pelas ruas, formando uma verdadeira vitrine de tipos humanos. Nesta região destacam-se o belo e tradicional prédio da Almacenes Paris (mais famosa loja de departamentos da cidade). Já quem procura música típica, internacional ou DVDs deve ir direto na Feria Mix (rede especializada em música, com várias lojas na cidade).

Placa de estação de metrô próxima ao centro.

Um pouquinho de história 4: Apesar de sua hostilidade, os indígenas não conseguiram repelir os conquistadores espanhóis, os quais contavam com armas e equipamentos superiores. Mesmo assim, os espanhóis precisariam de décadas e de ajuda de tropas adicionais, enviadas do Peru, para subjugar completamente os nativos chilenos. Após o período de guerras, a cidade começou a desenvolver-se com mais rapidez. A primeira catedral foi erguida em 1561. Outras obras importantes a seguiram, como a Ponte Calicanto, ligando as duas margens do rio Mapocho. Em 1770, Agustín de Jáuregui, representante do governo espanhol em território chileno, contratou o arquiteto italiano Toesca Joaquin para projetar diversos prédios, como a fachada da catedral da cidade, a casa da moeda (prédio que futuramente iria transformar-se no palácio presidencial) e uma estrada até Valparaiso, no litoral.


Bar e restaurante Sol de Cuzco, em Bellavista

Se existe um lugar para se curtir um barzinho, bom restaurante ou um papo animado em Santiago este lugar é 'Bellavista'. Situado acima da avenida Costanera Norte, o bairro concentra dezenas de bares e restaurantes de vários estilos, com ou sem música, Bellavista ferve de movimento à noite, principalmente entre os jovens. A maior parte do agito se concentra nos arredores das ruas Pio Nono, Dardignac e Antonia López de Bello. Não deixe de experimentar, logo ao chegar, uma taça de 'Pisco' a bebida nacional (um tipo de caipirinha chilena). Ocupa posição de destaque em Bellavista o Patio Bellavista (Pio Nono 55), um tipo de plaza ao ar livre, reunindo diversas lojas de artesanato, bares e restaurantes.

Bellavista também é uma ótima opção para almoço, quando os restaurantes não estão tão cheios como à noite. Nossa sugestão é o agradável 'La Vaquita Sabrosa' (Antonia Lopez de Bello 61), com um ambiente simpático e preços justos. Depois não deixe de passar na Casa Museo de La Chascona (Fernando Márquez de la Plata 192, Bellavista), casa construída pelo famoso poeta chileno Pablo Neruda para sua grande paixão secreta, Matilde Urrutia (La Chascona, como carinhosamente Pablo chamava sua amada, nome de origem quíchua que significa 'A Desgrenhada', em referência a seus revoltos cabelos ruivos). O roteiro, acompanhado por um guia, revela algumas curiosidades sobre o poeta, sua vida e suas viagens.

A gigantesca bandeira chilena tremula orgulhosa em frente ao 'Palacio de La Moneda', como é conhecido o palácio presidencial chileno. A história deste palácio é tão importante quanto trágica. O nome peculiar tem como razão a finalidade original do projeto, pois quando foi desenvolvido, entre 1786 e 1812, visava abrigar a Casa da Moeda Chilena, e somente em 1845 o prédio passou a desempenhar a função de palácio presidencial. Seu momento mais dramático foi na revolução de 1973, quando o palácio foi bombardeado pelas tropas do General Pinochet, no movimento que levou à deposição e morte do então presidente Salvador Allende. Diversos documentos históricos foram destruídos durante os ataques ao palácio, inclusive a declaração de independência chilena, de 1818.


Bandeira chilena e prédio situado frente ao La Moneda

Com o término da ditadura de Pinochet, em 1981, o prédio voltou a ser pintado com sua cor branca original e teve também resgatadas outras tradições que haviam sidos suspensas durante os anos de chumbo chilenos. A visita ao interior do palácio não é aberta ao público, mesmo assim pode-se conhecer Centro Cultural la Moneda, situado no subsolo, e apreciar as exposições que relembram momentos importantes da história do palácio. Em frente ao palácio, unto à avenida Bernando O'Higgins é possível apreciar a guarda presidencial a cavalo, substituída a cada hora, sendo que às dez da manhã acontece uma cerimônia mais completa de troca da guarda. Bom momento para boas fotos.


Pracinha e fonte situadas no Barrio Brasil

Ao lado um recanto do 'Barrio Brasil'. Esta região, até há poucas décadas, bastante decadente, com prédios antigos, garagens e comércio de peças de automóveis, começou a mudar de aparência a partir dos anos 90, quando, devido ao baixo preço dos imóveis, foi ocupada por artistas e estudantes, dando início a um processo de transformação que acabaria sendo muito bem vindo pela autoridades da cidade. Este movimento espontâneo reverteu a decadência da região e incentivou a restauração de dezenas de casarões e mansões histórias, fazendo hoje de Barrio Brasil uma região cool, descolada, com agradáveis cafés, restaurantes, hostels e barzinhos com mesas nas calçadas. Este é um bairro para ser explorado a pé.

Para percorrer Barrio Brasil tome como ponto de partida a rua 'Concha y Toro' (próxima da estação do metrô Republica). Seguindo entre casarões seculares chega-se a uma simpática pracinha com uma fonte no centro (onde fizemos a foto acima). As mansões no entorno desta praça pertenceram à família Concha y Toro (fundadores da famosa vinícola). Caminhando por estas vemos construções marcantes, como a gótica 'Basílica del Salvador' (avenida Almirante Barroso) e construções em estilo art noveau ao longo da 'Calle Cienfuegos'. Siga até chegar à 'Plaza Brasil', o coração do bairro, situada entre palácios de antigas famílias nobres de Santiago a singela 'Iglesia de la Preciosa Sangre', com torres pintadas de vermelho. A pouca distância desta praça situa-se a 'Quinta Normal', mais antigo parque da cidade, inaugurado em 1830 com o nome de Jardim Botânico.

Um pouquinho de história 5: O fim do domínio espanhol sobre o Chile aconteceu a partir de 1810, com o estabelecimento da primeira junta nacional de governo. Foi determinante, na época, a participação de Bernardo O'Higgins, uma das personagens mais importantes na independência do Chile, considerado até hoje como um dos Pais da Pátria. A independência do Chile foi proclamada em 12 de fevereiro de 1818, no mesmo dia em que aconteceu a Batalha de Chacabuco, quando os chilenos, liderados por Bernardo O'Higgins, enfrentaram tropas espanholas ao norte de Santiago. O documento de independência chilena foi reconhecido pela Espanha somente em abril de 1844.

Tire uma tarde ou manhã para ir a algum lugar diferente, que não consta em nenhum guia turístico. Por exemplo, siga a pé pela avenida Ricardo Lyon ( foto ao lado) desde a Francisco Bilbao até a 11 de Septiembre, um trajeto de menos de dois quilômetros. Ao longo da caminhada é inevitável se chegar à conclusão que deve ser muito gostoso morar em Santiago, num bairro como este. Calçadas tranqüilas, avenidas com pouco movimento, árvores frondosas, crianças brincando em frente ao prédios, pouco ruído, algumas mansões centenárias, escolas e uma gostosa sensação de paz, pouco comum em cidades muito grandes.

Depois dobre à esquerda e continue pela avenida 11 de Septiembre e verá um cenário completamente diferente. Esta via é uma das mais badaladas da cidade, repleta de restaurantes, coffe shops, tiendas (lojas) comerciais (com destaque novamente para a ótima Paris), prédios de escritórios e calçadas cheias de gente, disputando espaço ao lado do trânsito intenso


Avenida Ricardo Lyon

 


Escultura situada no centro do Mercado Central

Outro daqueles programas imperdíveis em Santiago é o Mercado Central. Foi nosso primeiro passeio na cidade, no domingo seguinte à nossa chegada, e estava lotado e animadíssimo. Os garçons tem o hábito de abordar visitantes, tentando convencê-los a fazer uma refeição em seu restaurante. Logo que entramos veio até nós uma garçonete, que ao ver que éramos brasileiros foi logo dizendo que era casada com um chileno. Conversamos um tempão, ela disse que adorava morar no Chile e que não podíamos deixar de experimentar os caranguejos gigantes de seu restaurante, em sua opinião os melhores da cidade.

O mercado central, estrutura trazida da Europa e com uma belíssima cobertura metálica, já tem quase 150 anos de idade, é uma festa para os olhos, olfato e paladar. São dezenas de bancas de frutas, artesanato, curiosidades (como a Cochalluyo, erva rica em iodo servida nas saladas, ou a Callompa, que dizem combate reumatismo e conjuntivite).

Mas o melhor do mercado são mesmo os restaurantes, onde a comida marítima é - como se poderia esperar em um país com 5 mil quilômetros de costa - o destaque. Peça umas empanadas para abrir o apetite, uma cerveza, ou um Pisco e depois não deixe de encarar o prato típico local, a Centolla (caranguejo rei, originário da patagônia chilena). Após as inevitáveis fotografias junto ao crustáceo,o garçom destrincha o bichinho e serve sua carne branquinha. Não é um prato muito barato, mas em compensação suas fotos ao lado da Centolla vão ficar muito divertidas.

Mas se você não que encarar uma Centolla, tudo bem. Diversas opções não vão faltar, mas sinceramente, não aconselhamos pedir carne, pois ela não é um dos destaque da culinária chilena. Talvez inspirados por nossas lembranças das deliciosas carnes argentinas e uruguaias pensamos que aqui seria o mesmo, mas que nada, foi pura decepção.

Vídeo: Mercado Central de Santiago

Ao fazer uma refeição não deixe de pedir um 'Pisco Sour' (foto ao lado) uma das bebidas mais populares por aqui, preparada com pisco (aguardente com limão, ovos e açúcar, lembra muito a caipirinha e é uma delícia). Outras alternativas são o 'Vaina' (vinho do porto, ovos, limão e açúcar) ou 'Mote con huesillos' (não alcoólica, preparada com suco acaramelado, grãos de legumes cozidos e fruta típica). O couvert dos restaurantes quase sempre é composto por pães (muito freqüente é um pãozinho achatado, tipo pizza, de sabor característico), manteiga, empanadas (pasteizinhos com recheios diversos, sempre gostosos) e molhos, geralmente condimentados.

Entre os pratos mais famoso, destacam-se a Cazuela (ensopado com carne, frango, arroz e batatas), Asado (churrasco de carne de gado, porco ou frango), Locos (um tipo de molusco), Jaiva (caranguejo), Reineta, Congrio e Corvina (peixes), Pastel de Choclo (caçarola recheada com carne) e o sempre lembrado Centolla. 

Outras dicas para ajudar você a se decidir: Qualquer prato 'a lo pobre' (acompanhado de ovos e batatas fritas e cebolas), 'al pil pil' (com alho), 'a la plancha' (grelhado). Picoroco' (crustáceo com carne branca muito saborosa), Paila Marina' (ensopado de frutos do mar e peixes), 'Shupe' (ensopado de carnes vermelhas e brancas). Completo' (cachorro quente com tudo), 'Cerveza" (cerveja), 'Garza' (cerveja pequena), 'Cortado' (café com leite), 'Agüita' (chá de ervas, geralmente servido após as refeições).


Taça de Pisco Sour do Vaquita Sabrosa

Um pouquinho de história 6: Por séculos, terremotos tem sacudido a região de Santiago. Entre os mais violentos são lembrados os de 1822 e de 1835. Mesmo assim a cidade continuou crescendo e em 1865 sua população já era de 115 mil pessoas. Com a chegada do século 20 Santiago já era o centro mais importante do país, graças ao surgimento das primeiras indústrias enquanto Valparaiso, até então a cidade mais importante do Chile, ficava para trás. Nas comemorações do centenário da república, em 1910, grandes obras urbanas foram executadas, incluindo parques, museus, estações de trem, bibliotecas e prédios diversos.


Torres empresariais da av Libertador Bernardo O'Higgins

Santiago tem áreas comerciais para todos os estilos, gostos e bolsos. Se no centro situam-se, em maior parte, lojas populares, o comércio sofisticado e com lojas de grife pode ser encontrado ao longo das avenidas Alonso de Córdova e Nueva Costanera ocupadas por nomes famosos nas áreas de vestuário, moda e decoração. Mesclados a nomes fashion encontram-se também nesta região diversos bons restaurantes, hotéis luxuosos e galerias de arte. Os principais shoppings da cidade são Alto Las Condes (av. Kennedy 9001, Parque Arauco (av. Kennedy 5413), Apumanque (av. Apoquindo com Manquehue). E as melhores lojas de departamentos são Paris, Fallabella e Ripley, todas com diversas lojas na cidade. Maiores redes de supermercados: Lider e Jumbo, também com lojas em diversos bairros.

 

Outro passeio imperdível é subir o 'Cerro San Cristóbal', colina de onde se tem uma vista maravilhosa da cidade. E a melhor parte do passeio é justamente a subida, feita por um funicular (fechado às 2as feiras). Pode-se também subir a colina de taxi, mas não faça isto, vá no trenzinho mesmo porque é muito mais divertido. A estação de embarque situa-se no bairro Bellavista, no final da rua Pio Nono. Na estação de embarque você compra os bilhetes de ida e volta, entra na fila (não é incomum precisar esperar uma meia hora) e embarca. Na metade da subida há uma parada na estação jardim zoológico, e depois o funicular prossegue até o alto do morro. Veja abaixo uma foto dos trilhos do funicular.

A principal atração do Cerro San Cristobal é a imagem da 'Virgen de la Immaculada Concepcion' (ao lado), mas para chegar lá será necessário uma caminhada adicional morro acima. Também lá situa-se o Parque Metropolitano, maior parque público de Santiago, com diversas trilhas e recantos agradáveis. Junto ao mirante turistas vão encontrar ainda diversas lojinhas de lembranças e um pequeno restaurante.


Cerro San Cristóbal

Procure visitar também a 'Iglesia de san Francisco', monumento arquitetônico mais antigo de Santiago, com origem em 1541, quando o conquistador espanhol Pedro de Valdivia, responsável pela colonização do Chile, fundou a cidade de 'Santiago del Nuevo Extremo' às margens do rio Mopocho. A igreja, atualmente convertida em museu, abriga diversas relíquias religiosas do período colonial, e em 1998 foi considerada pela UNESCO como patrimônio da humanidade. Situa-se na avenida Libertador Bernardo O'Higgins, próximo à estação Santa Lucia do metrô.

Um pouquinho de história 7: Salvador Allende, nascido em Valparaiso, foi médico e político de esquerda chileno. Chegou à presidência em 4 de novembro de 1970 e foi deposto por um golpe militar em 11 de setembro de 1973. Após sua queda, o Chile passou a ser governado pelo general Augusto José Ramón Pinochet, que encabeçou uma ditadura durante 17 anos. Após o restabelecimento da democracia e com a chegada do século 2,1 o Chile afirmou-se como um das países mais prósperos e de economia mais estável da America do Sul. É o líder sul americano em termos de renda per capita e afirma-se cada vez mais como importante pólo turístico.


Trilhos do funicular do Serro San Cristóbal

Algumas informações úteis: Idioma: Espanhol. Tensão elétrica na cidade: 220 volts. Fuso horário: Uma hora a menos em relação à hora padrão de Brasília. Horário de verão: Outubro a março. Horário comercial na maioria das lojas: 10 às 22 horas. Principais jornais do país: El Mercurio e La Nacion. Moeda: Peso Chileno (com muitos zeros que podem de início confundir turistas) A cidade é quase totalmente plana, cortada ao meio pelo leito do rio Mopocho, que dependendo da época do ano pode ficar resumido a pouco mais que um fiapo de água.

Santiago situa-se na região conhecida como 'Vale Central', entre as montanhas da Cordilheira dos Andes (em certos trechos da cidade é possível ver os picos nevados dos Andes) e cerca de 100 km do Oceano Pacífico. Sua altitude média é de 520 metros acima do nível do mar. Durante os meses de inverno, o fenômeno conhecido como 'Inversão Térmica' costuma trazer à cidade muita névoa, associada a elevados índices de poluição atmosférica, causando desconforto a seus habitantes. Ao longo do ano a temperatura varia, em média, entre 10 e 35 graus centígrados. Nevar é raro e 80% das chuvas caem entre os meses de maio a setembro.

Vídeo: Funicular San Cristóbal.

Quem dispuser de um dia extra poderá pensar em fazer um passeio a alguma das diversas vinícolas situadas nas proximidades como a Concha Y Toro ou a De Martino. Estas, embora estejam entre as mais conhecidas, não são necessariamente as melhores. Sugerimos que você se informe na portaria de seu hotel, pois diversos roteiros de dia inteiro e de meio dia são oferecidos por operadoras turísticas locais. Também é possível fazer estas visitas por conta própria, o que sai bem mais barato, desde que, claro, você saiba como chegar lá.

Outro passeio que você não pode deixar de fazer é ao litoral chileno e as cidades quase gêmeas de Viña del Mar e Valparaiso. Muitos turistas vão e voltam no mesmo dia, mas não aconselhamos tanta pressa, pois há muito para ver nestas duas cidades. Mas nossa visita a Viña del Mar e Valparaiso vai ser contada com detalhes e fotos em outra página...

Ao lado o prédio Torre Telefônica (32 andares), construído na forma de um celular e que até 1999 foi o prédio mais alto da cidade. Perdeu o posto para o Titanium La Portada (55 andares), mas este entregou o título para o Costanera Center (60 andares e um shopping), que será também o mais alto prédio da América Latina. 


Torre Telefônica Chile

Dica para quem pretende alugar carro: Embora tivéssemos feito reserva em uma famosa locadora, e incluído em nossa reserva um aparelho GPS, ao chegarmos lá não havia nenhum GPS na loja. Como íamos rodar muito pela cidade e pegar a estrada no dia seguinte, nem tínhamos mapas, o acessório seria essencial. Era a primeira vez que víamos aquilo acontecer, dissemos ao atendente, e olha que tínhamos alugado carros em diversas cidades. Mas o balconista da Al.. (ups, não vamos dizer o nome da locadora) não estava nem aí. Não adiantava reclamar, não tinha GPS e pronto. Era pegar ou largar. Reclamamos muito sim. E Largamos.

Decepcionados, final da tarde, a pé, entramos num posto de gasolina e perguntamos ao frentista se havia alguma outra locadora por perto. Ele disse que sim, mais adiante. Fomos em frente, pergunta daqui e pergunta dali chegamos à Rousselot Rent a Car (av Francisco Bilbao 2032) onde fomos super bem recebidos, nos arranjaram na hora um carro ótimo, com GPS novinho (ainda na caixa) e o preço acabou saindo mais barato que se tivéssemos alugado pela Al.. (ups). Fica aqui a dica: As vezes empresas locais e menores são às vezes mais eficientes que as grandes e famosas.


Vista da cidade a partir de nosso quarto de hotel

Passamos uma semana em Santiago e se tivéssemos ficado mais tempo com certeza não ia faltar o que ver. A impressão que levamos da cidade foi a melhor possível. Nos chamou atenção o fato de quase não existirem por lá os tradicionais paredões de prédios encostados uns em outros, e sim muitos espaços livres, parques e jardins. A impressão que Santiago nos deixou foi de ser um lugar que cresceu de forma equilibrada, sem transformar-se numa selva de concreto, sem engolir as pessoas, mas sim procurando servi-las, fornecendo a elas uma cidade moderna, eficiente e ao mesmo tempo agradável de viver. A educação e gentileza de seus moradores também nos chamou atenção, assim como a segurança pelas ruas e o padrão de vida sem contrastes excessivos. Em resumo, tudo de bom. Ah sim, e enquanto estivemos lá não aconteceu nenhum terremoto.

Vídeo: Decolagem de Santiago   -   Imagens em alta definição de Santiago

 

 


Brasão de Santiago