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Langeais oferece aos visitantes, logo que chegam, uma visão contemporânea do que era a sociedade feudal: Um castelo medieval com altas torres e grossas muralhas dominando a pequena vila a seus pés. É bem verdade que em 1469 o castelo era habitado pelo senhor feudal e a vila por agricultores e trabalhadores, enquanto em nossos dias o chateau é freqüentado diariamente por centenas de turistas, enquanto a vila aos seus pés é repleta de lojinhas de lembranças e serviços, que também tem no turismo grande parte de sua renda. Fora estas diferenças o castelo de Langeais permanece o mesmo, há quinhentos anos quase imune à passagem do tempo.

As primeiras referências ao castelo remontam ao século X. Consta que, na época, a região era controlada por dois nobres, Foulque Nerra, conhecido como Conde de Anjou; e Eudes I, o Senhor de Blois. Os dois competiam entre si por terras e por influência política. Conta-se que a região onde hoje situa-se Langeais foi conquistada por Nerra, que para deixar bem claro seu domínio, mandou construir no local uma fortaleza, que permaneceu intacta até meados do século XV. 

 

Langeais atravessou muitos períodos turbulentos, e seu controle passou por diferentes nobres franceses, conforme o resultado das freqüentes disputas entre eles. Chegou mesmo a ser tomado pelos ingleses, quando a França foi invadida. Somente em 1206 seu controle seria assegurado pelos franceses, graças à vitória do rei Philippe Auguste sobre o inglês King John. Ao lado, a fachada fundos de Langeais.

No século XIV Langeais tornou-se um local de importância estratégica. Na ocasião diversos nobres franceses, liderados pelo Duque da Bretanha, conspiravam contra o rei Luis XI. Este, para enfrentar os dissidentes, decide mandar construir um castelo em meio à área conturbada, para assegurar seu controle da região, e o local escolhido foi justamente Langeais. Foi então demolida a fortaleza original construída por Foulque Nerra, para erguer no mesmo local um grande castelo, o mesmo que ali permanece até hoje.

A construção do castelo de Langeais foi muito rápida. Em 1465 as obras tiveram início e quatro anos mais tarde já estavam concluídas, pois Luis XI não poupou recursos para o andamento dos serviços.

A evidente homogeneidade arquitetônica de Langeais é um reflexo da rapidez de sua construção, pois enquanto outros castelos do Loire foram erguidos em etapas, com alas muitas vezes construídas em épocas diferentes e sob a influência de estilos arquitetônicos diversos, Langeais é um bloco único e harmônico, basicamente uma fortaleza medieval com altas muralhas, imponentes torres em formato circular, caminho de ronda no perímetro do castelo conectando as torres, tetos de ardósia e ponte levadiça sobre o fosso, agora seco, que oferecia proteção adicional ao castelo.

Em 6 de dezembro de 1491 Langeais foi palco de um importante casamento, quando Carlos VIII da França e Ana da Bretanha uniram-se em matrimônio. Na verdade, esta foi a forma encontrada para dar fim aos problemas políticos e militares entre as duas regiões. Até então a Bretanha constituía um território independente da França, e foi somente a partir da união das respectivas famílias mais influentes de ambos os lados que deu-se o primeiro passo para unir as regiões, dando origem à nação francesa.

Entre as curiosidades do contrato de casamento constava uma cláusula que estipulava que, caso Carlos VIII morresse antes de ter um filho homem, sua esposa deveria concordar em casar com o soberano que viesse a substituí-lo, o que acabou mesmo acontecendo. Os filhos resultantes do primeiro casamento de Anna não sobreviveram e como Carlos VIII morreu em 1498, não foram deixados herdeiros vivos para o trono. Anna da Bretanha casou-se a seguir com o novo soberano, Louis d’Orleans, que subiu ao trono como Louis XII.

A partir do século XV o castelo teve diversos proprietários, que na maior parte das vezes não deram atenção a sua preservação, permitindo que o mesmo entrasse em processo de deterioração. Hoje podemos estranhar que diversos patrimônios universais como este tenham sofrido tanto com a falta de manutenção e muitos deles – felizmente não é o caso de Langeais – tenham se transformado em ruínas. Mas é preciso lembrar que a preservação destes castelos dependia principalmente das condições financeiras de seus proprietários.

Muitas famílias da época tinham títulos de nobreza, tais como condes, duques ou barões, e herdavam grandes propriedades, mas na verdade estavam falidas e sem condições de bancar a custosa preservação de seus castelos e palácios. Algumas destas propriedades foram vendidas, adquiridas por instituições públicas dedicadas à preservação de locais históricos, outras foram adotadas por magnatas amantes da arte e arquitetura, que não mediram custos para bancar sua preservação. Muitas outras propriedades, no entanto, não tiveram a mesma sorte e terminaram transformadas em ruínas.

Para os visitantes que hoje chegam a Langeais, o acesso é bem sinalizado, e quem vem de carro dificilmente irá se perder. Depois de percorrer as estreitas ruas da simpática Langeais, muitas delas dando passagem somente para um carro por vez, chega-se ao largo da prefeitura, onde o estacionamento é grátis. A partir daí, uma caminhada de aproximadamente quinhentos metros nos leva até a base da escadaria que conduz ao portão principal de acesso, na foto ao lado. Após comprar os bilhetes de acesso tem-se acesso ao interior do castelo, onde a visita é feita por conta própria.

Embora externamente Langeais tenha um aspecto pesado, típico dos castelos medievais, seu interior é decorado com extremo bom gosto, lembrando mais um palácio renascentista. Ao longo da visita sucedem-se dezenas de ambientes decorados com tapeçarias, mobílias de época, belos quadros e curiosidades diversas.

No salão principal de Langeais foi até mesmo recriada a reunião entre algumas das personalidades que habitaram o chateau, século atrás, com figuras de cera vestindo trajes de época. Música e uma apresentação multimídia ajudam a recriar o clima medieval, fornecendo uma interessante aula sobre a história do castelo e suas principais personagens. Um dos pontos mais interessantes da visita é percorrer o antigo caminho da ronda, que interliga as torres do castelo. De suas estreitas seteiras tem-se uma vista privilegiada do castelo e da pequena cidade de Langeais, aos seus pés.

O último proprietário de Langeais foi Jacques Siegfried, estudioso dos costumes da época medieval e renascentista, que dedicou muitos anos de sua vida à restauração do castelo, principalmente de seu interior. Ele adquiriu tapeçarias, mobiliário e tudo mais que encontrasse pela frente relacionado ao período. Temendo que após sua morte o castelo fosse novamente abandonado, ele decidiu, em 1904, doar a propriedade ao Institut de France, instituição pública responsável pela manutenção e preservação de monumentos históricos nacionais.

Em 1922 Langeais foi oficialmente declarado pelo governo francês como Monumento Histórico Nacional, assegurando aos visitantes de todos os lugares o direito de conhecer este patrimônio universal e permitindo também, daí para frente, que a propriedade passasse a receber regularmente verbas destinadas à sua preservação, em parte provenientes da receita gerada pela visitação pública.

O Chateau de Langeais está situado vinte e cinco quilômetros a oeste da cidade de Tours, aproximadamente duas horas de meia de carro de Paris pelas auto estradas A6 e A10. O castelo está aberto a visitação todos os dias do ano, sendo que os horários variam conforme a estação. Na recepção encontram-se folhetos explicativos em diversas línguas, inclusive português.