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Em 1066, quando os normandos liderados por William invadiram a Inglaterra, a cidade de Nottingham era um pequeno povoado Saxão, parte do reino de Mercia, que havia passado as últimas décadas às voltas com ataques Vikings. Após a invasão Normanda, William tomou como primeira providência mandar construir um forte, de forma a proteger-se contra as investidas inimigas.

Mas para a população local, a mudança de senhores saxões para normandos não modificou em quase nada a rotina diária. Os sete mil camponeses da região continuaram a viver da terra, uma atividade difícil e que dava pouco dinheiro. Era uma vida sem nenhuma higiene, muitas doenças e expectativa de vida curta. Poucos chegavam aos quarenta anos. 

Eram praticamente todos escravos dos verdadeiros senhores da terra, invariavelmente aliados ou protegidos de William. Foi neste cenário que surgiu, no alto da colina mais alta de Nottingham, um tosco forte de madeira, na prática pouco mais que uma paliçada. A construção foi executada por William Peveril, um dos filhos do conquistador. Sua primeira função foi servir de retaguarda para acalmar a revolta dos moradores de York, mais ao norte. Nos aos seguintes (1100–1135), já sob o reinado de Henry I, o castelo de Nottingham usufruiu de relativa calma, e neste período a construção de madeira foi substituída por uma de pedra. 

Com a morte de William, o império por ele construído começou a desmembrar-se, vitimado pela ambição e disputas entre seus herdeiros. Enquanto seus três filhos brigavam entre si, o que levaria à criação de reinos independentes na França e Inglaterra, Nottingham também enfrentava turbulências em menor escala. Em 1140 Lord Peveril tomou as dores de Stephen, um dos herdeiros de Williams, enquanto o Duque da cidade de Gloucester defendeu a imperatriz Matilda, que também queria ficar com a propriedade.

 

O resultado foi um longo período de combates entre os dois lados. Como o Duque não conseguiu tomar o castelo, vingou-se ateando fogo à cidade de Nottingham, que foi praticamente arrasada. Apenas no ano seguinte, Stephen foi derrotado, e teve que entregar o controle do castelo aos seus oponentes.

Onze anos mais tarde a cidade voltou a ser incendiada, desta vez durante um ataque liderado por Henry, Duque da Normandia e filho de Matilda, que acabaria chegando ao trono inglês sob o nome de Henry II. Isto obrigou Puveril a fugir para a França disfarçado de monge. Mas no final das contas o novo rei acabou sendo generoso com a cidade e seu castelo, pois providenciou diversos reparos nas construções locais, e por via das dúvidas, reforçou o castelo com torres e muralhas mais poderosas.

Também o seu interior foi bastante melhorado com a construção dos aposentos denominados King’s Bed Chamber, House for the King’s Falcons e Great Hall. Foi ainda construída uma prisão, onde o rei as vezes colocava Eleanor da Aquitania, sua própria mulher. 

O próximo dono do castelo foi o rei Ricardo Coração de Leão, que pouco tempo depois de ter subido ao trono, em 1189, partiu rumo ao oriente, participando das Cruzadas. A responsabilidade do castelo passou então para o irmão de Ricardo, Conde John. Alguns historiadores dizem que nesta época o castelo de Nottingham era uma combinação de grandeza e desconforto, já que havia sido planejado mais como fortaleza do que como moradia real. O único ambiente que podia ser descrito como confortável, mesmo para os padrões da época, era o existente no alto da torre, e que servia como residência oficial do senhor de Nottingham. Todo o restante era excessivamente frio, pouco ventilado e muito úmido.

Ao voltar das Cruzadas Ricardo Coração de Leão teve uma surpresa, ao ver que seu irmão não lhe esperava de braços abertos. Muito pelo contrário, John não permitiu que seu irmão Ricardo entrasse, e foi preciso que o rei atacasse o castelo e mandasse suas tropas escalar as muralhas de 20 metros para poder entrar e acabar com aquela rebelião familiar. Após a batalha, John foi submetido a um conselho presidido pelo rei, que embora tenha decidido poupar a vida de seu irmão, o baniu para sempre da Inglaterra.

Mas o mundo dava muitas voltas, principalmente na conturbada idade média. Em 1199, quando Ricardo morreu, John voltou e conseguiu realizar seu intento, subindo ao trono da Inglaterra. Precavido por já ter sido expulso uma vez do castelo, decidiu fortificá-lo ainda mais com a construção de nova torre de pedra, além de expandir suas muralhas externas. Um dos passatempos favoritos de John quando não estava no castelo era caçar na vizinha floresta de Sherwood. É deste período o surgimento de uma das mais famosas lendas inglesas, a de Robin Hood.

A história do justiceiro Robin Hood, que se escondia na floresta de Sherwood e dava muita dor de cabeça ao rei John, roubando dos ricos para dar aos pobres é uma das mais conhecidas do mundo, e se transformou na principal atração turística da cidade de Nottingham. Atualmente os turistas encontram, não só no castelo, onde há uma estátua de Robin Hood, mas em toda cidade, uma grande variedade de locais relacionados à sua história, desde bares e pubs até um passeio animatrônico pela floresta de Sherwood, ao estilo dos existentes em Disneyworld. 

Em 1307 o castelo de Nottingham já tinha se convertido na principal fortaleza do centro do país, praticamente inexpugnável e utilizada freqüentemente como prisão de escoceses e franceses. Outro período marcante na vida do castelo foi a partir de 1460, quando Edward IV se auto-proclamou rei da Inglaterra, dando início à Guerra dos Roses, quando duas facções passaram a disputar o trono. Tanto o castelo como a cidade de Nottingham permaneceram fiéis a York, que apoiavam Edward IV, o que envolveu o castelo em novas batalhas.

Foi apenas com o surgimento da artilharia e das armas à pólvora que a importância do castelo começou a declinar. Suas muralhas haviam sido construídas para resistir a flechas, lanças, catapultas e aríetes, mas não a canhões. Em 1623 diversos trechos já estavam muito danificados e sem serventia militar, sendo que o Great Hall já havia desabado. Com o término da guerra civil a propriedade passou ao Duque de Newcastle, que decidiu construir um novo e moderno prédio no mesmo local.

Ele determinou que praticamente todas pedras do castelo fossem removidas. As obras duraram setenta anos, ao final dos quais o Castelo de Nottingham tinha uma aparência totalmente diferente. As torres, muralhas e seteiras haviam desaparecido, e em seu lugar havia surgido um moderno palácio, uma autêntica residência real. Infelizmente o duque não viveu o suficiente para ver sua obra inaugurada, mas elas foram completadas por seu filho e inauguradas em 1679.

A nova mansão teve altos e baixo, sendo que o tempo acabou trazendo dificuldades financeiras para a família, o que fez com que diversos aposentos fossem alugados para terceiros e até mesmo utilizados como escola. Durante a revolução industrial, o prédio passou a ser visto com símbolo de uma privilegiada elite, e diversos manifestantes faziam protestos em frente aos seus portões. Em 1834 uma massa de trabalhadores revoltados conseguiu invadir a propriedade e atear fogo ao palácio, causando muitos danos.

Apenas em 1878 o prédio voltaria a ser reformado, quando então foi vendido ao município e transformado em Museu e Galeria de Arte. Hoje, quem passa por Nottingham, dificilmente deixará de perceber que esta era a terra de Robin Hood, pois será lembrado disso em cada esquina. E mesmo que não encontre mais, no alto da principal colina da cidade, um castelo tradicional, com aquelas torres e muralhas que fazem a alegria dos turistas, vai encontrar um belo palácio com muitas histórias para contar.

Vídeo: Nottingham Castle