Inicio
Akershus
Amboise
Angers
Arundel
Audley End
Azay le Rideau
Bamburgh
Beaumaris
Blackness
Blenheim
Blois
Bodiam
Budavari
Caernarfon
Caerphilly
Cardiff
Carlisle
Chambord
Charlottenburg
Chantilly
Chenonceau
Chepstow
Cliffords
Conciergerie
Conwy
Criccieth
Doune
Dover
Edinburgh
Ewloe
Fontainebleau
Frederiksborg
Glamis
Hampt Court
Harlech
Hatfield
Heidelberg
Hever
Hohenschwagau
Langeais
Leeds
Linlithgow
London Tower
Neuschwanstein
Newcastle
Norwich
Nottingham
Nymphenburg
Pena
Penshurst
Pierrefonds
Prazsky
São Jorge
Schonbrunn
Scone
Southsea
Stirling
Tonbridge
Urquhart
Versalhes
Villandry
Vincennes
Warwick
Wilanow
Windsor

 

 

 

 

 

 

 

 

 


 

Com paredes decoradas com espalhafatosos amarelo e vermelho, solitário no alto de um rochedo cinza, ou talvez como uma miragem multicolorida, destacando-se no meio da vegetação monocromática que se estende abaixo a perder de vista, ele parece querer chamar nossa atenção, como uma vaidosa peça de rara coleção de jóias, ou como uma confortadora miragem que faz nossos olhos descansarem da realidade insossa do cotidiano.

A primeira visão deste palácio nos remete a um mundo de faz de conta, de tempos e sonhos em algum lugar de um passado perdido. Uma visão mais atenta, no entanto, nos revela todo o esplendor que esta obra de arte arquitetônica guarda para todos aqueles que tiverem a coragem de subir esta montanha. Seu nome é Palácio da Pena. Uma rara jóia, próximo à cidade de Sintra, Portugal. 

Os primeiros registros, datando de 1493, fazem referência à existência de uma capela dedicada à Nossa Senhora da Pena, onde, por determinação do rei D. João I, os priores de Santa Maria de Sintra iam orar aos sábados. Nesta mesma capela o soberano havia estado durante 11 dias, pagando promessa por uma bênção alcançada. Em 1503 é decidida a construção neste local de um mosteiro, para abrigar a Ordem de São Jerônimo.

Com o passar dos anos o mosteiro cresce, favorecido pela proximidade de Lisboa e pelas boas graças dos soberanos de Portugal, que mantinham com a igreja um relacionamento reciprocamente produtivo e conveniente. Esta fase de prosperidade dura até meados do século 18, quando o mosteiro é duplamente sacrificado. Em 1743 é atingido por um raio que destrói sua torre, capela e sacristia. Apenas doze anos após esta primeira tragédia, e antes que os trabalhos de recuperação estejam concluídos, ocorre a segunda e definitiva catástrofe. Um terremoto abala o país, e o mosteiro é atingido em cheio. Sofre tantos danos, que sua recuperação torna-se excessivamente onerosa e inviável, fazendo com que ele seja definitivamente abandonado.

Apenas em 1838, a vida parece começar a retornar àquele rochedo de Sintra, quando o Príncipe Consorte D. Fernando II decide adquirir os escombros do mosteiro para transformá-lo em sua residência de verão. Alguns talvez desconheçam a distinção entre Príncipe Consorte e Rei, e é interessante abrir aqui um parêntese. O Príncipe Consorte era apenas o marido da rainha, um título nobre, mas que não lhe dava os direitos de um rei, ou no caso, da sua mulher, a Rainha.

Mesmo assim ele tem poder e meios para levar em frente o projeto. Sua determinação é preservar o que for possível, conservando os trechos históricos que possam ser recuperados, e ao mesmo tempo incorporar novos elementos arquitetônicos, fazendo da obra final um conjunto de valor histórico e arquitetônico sem igual no país. Assim, grande parte da fachada principal é felizmente preservada, assim como são também mantidas algumas partes internas do mosteiro, inclusive o claustro, uma obra de arte totalmente decorada com azulejos Mudéjare.

 

D. Fernando era nascido na Alemanha, assim havia tido oportunidade e tempo de conhecer e ser influenciado pelo estilo romântico que era moda na Bavária. Contratou então o arquiteto Germânico Eschwege para desenvolver o projeto, que mesclava elementos Góticos, Mouros e Manoelinos, estes últimos característicos de Portugal. As obras duram 47 anos, mas os resultados obtidos são magníficos e seu estilo é tão particular que muitos passam a considerá-lo como a resposta Lusitana ao Castelo de Neuschwanstein, outro ícone da extravagância arquitetônica.

Também seu interior é dotado de autênticas preciosidades, como, por exemplo, o retábulo renascentista, de autoria do escultor Nicolau Chanterene, e o fino e ricamente trabalhado mobiliário, incorporado ao acervo palaciano ao longo dos anos. Assim como o rei Ludwig da Bavária, também D. Fernando de Portugal pode desfrutar das janelas e pátios de seu palácio de uma das mais exuberantes vistas do país. Em 1885, com sua morte, a propriedade é herdada pela Condessa Edla, que por sua vez, apenas quatro anos depois, aceita a proposta de compra apresentada pelo Estado, pela quantia de 310 Contos, uma vultosa soma em valores da época. Em 1910, com o início da República no país, o palácio é transformado em Museu Histórico aberto à visitação pública, recebendo a designação oficial de Palácio Nacional da Pena. 

Em 1969 um novo terremoto provoca estragos no palácio, e faz com que, no início da década de 90, um novo programa de recuperação seja posto em prática. É desta época a pintura de cores vermelha e amarela que passaram a adornar seu exterior, e que chegou a causar revolta em muitos Portugueses. No entanto, como lembraram os responsáveis pelas obras de restauração, estas eram as cores originalmente existentes nos primórdios do palácio, e seu retorno apenas marca o reencontro deste monumento com suas verdadeiras origens e tradições.

Atualmente este é o quarto mais visitado monumento do país, e está aberto à visitação diariamente, com exceção das 2a feiras. Conta a lenda popular que o Palácio recebeu este nome em memória aos prisioneiros que eram para cá trazidos para trabalhar na construção do palácio, em cumprimento às suas penas. Outros dizem que o nome foi dado em homenagem à imagem de Nossa Senhora da Pena, que teria sido encontrada neste rochedo há muitos séculos. Seja qual for a verdade, o certo é que este é um dos mais belos monumentos de Portugal, uma obra de arte e de romantismo, para a qual contribuíram diversos artistas.